Percebo que há muito tempo se fala sobre a Internet, de suas vantagens e a respeito do que ela pode trazer de novo para o mundo. A cada dia que passa, as aplicabilidades da rede expandem seus horizontes. Recentemente, participei de um projeto de psicoterapia junto ao Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília (UnB), no qual meu desafio era estabelecer um ambiente seguro para as consultas.
A psicoterapia online, apesar da incipiência das pesquisas, da ausência de regulamentação e dos receios que suscita por ser fenômeno ainda pouco conhecido, vem sendo praticada, mesmo à revelia das instâncias reguladoras, por força da demanda de uma sociedade informatizada. A pesquisa desenvolvida no Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de Brasília (UnB) em torno desse tema analisa, especificamente, a possibilidade de construção de vínculo terapêutico quando os atendimentos são feitos exclusivamente pela Internet, por meio do programa Skype.
Muitos estudos ainda precisam ser realizados até que esse serviço psicológico venha a ser autorizado no Brasil, embora já seja prática permitida em países da Europa, nos Estados Unidos e no Canadá. Acredita-se que com a realização de mais pesquisas, em breve, também nós do Brasil poderemos contar com a Internet como ferramenta para atendimentos psicológicos que vão além de orientações ou aconselhamentos.
A pesquisa em curso na UnB, de título Psicoterapia online em atendimentos síncronos e a construção do vínculo terapêutico, está na fase de coleta de dados, ou seja, estão sendo realizadas sessões de psicoterapia pelo Skype com sujeitos de pesquisa rigorosamente selecionados. O estudo conta com o suporte técnico da Aker Security Solutions no que diz respeito à segurança das comunicações. De acordo com a pesquisadora responsável pelo estudo, Carmelita Rodrigues, esse apoio foi condição sine qua non para que o projeto fosse levado adiante, tendo em vista a preocupação que existe em pesquisas envolvendo seres humanos de não provocar danos às vidas alheias.
Entende-se que psicoterapia online é um tipo de atendimento psicológico que apresenta vantagens e desvantagens, como ocorre com quase todos os fenômenos da vida humana, principalmente os inovadores. Entre as desvantagens apontadas está o receio da quebra de confidencialidade, isto é, o receio de que haja divulgação indevida do conteúdo das sessões realizadas por intermédio da rede. No entanto, é possível minimizar os riscos e até tornar o trabalho seguro, com alguns cuidados simples, tanto do lado do terapeuta quanto do lado do paciente.
Podemos minimizar, então, essas questões com algumas dicas simples, de baixo investimento e acessíveis a toda a população. São elas::
a. Utilizar computador com sistema operacional atualizado (com todas as correções disponibilizadas pelo fabricante) e programa de antivírus também atualizado e ativado;
b. É recomendável que o computador por meio do qual as sessões sejam realizadas seja de uso exclusivo. Caso não haja essa possibilidade, deve-se criar um login de sistema operacional exclusivo para tal finalidade (usuário e senha de sistema operacional específicos), sem direito de administração. O login de administrador da máquina só deve ser usado para a configuração do computador. Esta recomendação pode ser utilizada no dia a dia para outras tarefas;
c. No caso das sessões online serem realizadas por meio de conexão via Skype, deve-se criar um login específico para essa finalidade;
d. O login não pode conter elemento(s) que permita(m) ou facilite(m) a associação com o nome do paciente, de modo a dificultar sua indentificação por pessoas alheias ao atendimento;
e. Não divulgar esse login para terceiros;
f. Impedir que terceiros tenham acesso ao login;
g. Não gravar a senha de acesso do Skype no computador, nem configurar para entrada automática no login;
h. Manter as configurações de criptografia, autenticação e segurança em seu nível máximo oferecido pelo software e pelo sistema operacional;
i. As sessões somente poderão ser realizadas em ambiente isolado, estando o paciente sozinho(a), sem a presença de outrem, a portas fechadas, de modo a não permitir acesso de terceiros;
j. O ambiente deve estar suficientemente iluminado, de modo a permitir a identificação dos participantes da conversa;
k. O(a) terapeuta-pesquisador(a) deverá adotar as mesmas medidas preventivas e idênticos cuidados relativos a login, configuração do computador, conexão e isolamento, citados nos itens acima;
l. Deve ser desabilitada toda e qualquer ferramenta de gravação disponível pelo software do Skype ou qualquer outro software de terceiros.
A pesquisa da UnB adotou essas recomendações em um termo de compromisso firmado entre o terapeuta e seu paciente, configurado como instrumento jurídico voltado para a segurança na relação terapêutica.
No entanto, são recomendações que também podem ser utilizadas no dia a dia. E caso você não saiba como conduzir essas questões tecnicamente, deve solicitar o auxilio de um técnico.
Acredito que a terapia pela Internet é uma realidade factível para a maioria das pessoas, facilitando o acesso ao profissional, que pode estar em qualquer lugar do país, e trazendo praticidade ao paciente, que não necessitará perder horas se locomovendo. Pode igualmente ser adequada para pessoas com dificuldade de locomoção, como pessoas com fraturas ou usuárias de cadeiras de rodas ou, ainda, mães com recém-nascidos impedidas de sair de casa, entre outras situações limitadoras. Também favorece pessoas muito tímidas, para quem a relação terapêutica presencial pareça ameaçadora.
Para saber mais:
Carmelita Gomes Rodrigues
Psicóloga Clínica e Analista Junguiana
Tel: +55 61 9972-6076
E-mail: carmel.gr@gmail.com
Blog: http://psicopauta.wordpress.com
Site: http://www.psiqueonline.net/
Para saber mais:
Carmelita Gomes Rodrigues
Psicóloga Clínica e Analista Junguiana
Tel: +55 61 9972-6076
E-mail: carmel.gr@gmail.com
Blog: http://psicopauta.wordpress.com
Site: http://www.psiqueonline.net/
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