quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Bullying, mais uma ameaça à segurança das corporações.

A palavra bullying apareceu em nosso país há pouco tempo. Em épocas passadas – as quais remontam à minha infância – ser chamado de gordinho, narigudo, magrelo ou baixinho causava no máximo uma chateação temporária e em poucos casos levava a traumas incuráveis. Então, o que exatamente fez uma brincadeira sem graça transformar-se em bullying?

Imagem: meioambientetecnico.blogspot.com.br

Note, vez ou outra, todos nós corremos o risco de fazer uma brincadeira infeliz e acabar desagradando alguém, seja propositalmente ou não. Quando percebemos o incômodo do outro, a maioria de nós pede desculpas. Entretanto, há pessoas que continuam insistindo na mesma brincadeira de forma agressiva e sistêmica, isso é bullying. 

Essa insistência caracteriza uma intenção de humilhar e prejudicar o outro em situações que vão além do contexto da brincadeira. Foi o que aconteceu com a inspetora escolar Karen Klein. Vítima de insultos por parte dos alunos, sua história repercutiu na Internet e causou grande comoção.  

O aumento progressivo dessas situações de violência levou as autoridades, inclusive, a tomar algumas atitudes mais severas. No Distrito Federal, por exemplo, já existe uma iniciativa legal para combater esse tipo de comportamento dentro das escolas. 

No ambiente corporativo, episódios de desrespeito também tendem a ocorrer cada vez mais, afinal o estudante de hoje é o profissional de amanhã. Muitos casos têm chegado à Justiça e denunciam profissionais que ameaçam divulgar informações da empresa, como áudios de reunião ou fotos/vídeos de chefia em situações comprometedores, caso sejam demitidos. Essas situações podem ser flagradas entre colaboradores ou entre chefes e subordinados.

A atual facilidade de se disponibilizar um dado (áudio ou vídeo) pela Internet passou a trazer prejuízos maiores às empresas.  Isso porque o conteúdo do material divulgado nem precisa ser altamente relevante à corporação para causar problemas, basta que a informação esteja contextualizada de modo a prejudicar a empresa ou a pessoa.   

Por exemplo, se o presidente de uma determinada marca de bebida for fotografado tomando uma bebida do concorrente, esta foto pode ser facilmente utilizada como mecanismo de pressão. Caso vá para a Internet, o dano será do ocupante do cargo, mas atingirá também a empresa, em consequência da exibição pública de seu principal diretor consumindo o produto do concorrente.

Do ponto de vista da segurança da informação, essa mudança no comportamento social obriga as empresas a adotar medidas preventivas em relação a determinadas atitudes. Já que, agora, a exposição do indivíduo pode afetar diretamente o negócio, comprometendo tanto a imagem da corporação quanto as relações internas. 

Então, o que as empresas podem fazer para evitar certos transtornos? Trabalhos realizados com o intuito de minimizar a fofoca ou estabelecer comportamentos adequados dentro das instituições devem ser ampliados pela equipe de RH, principalmente no que diz respeito às mídias sociais e o impacto direto delas no trabalho de cada um. Campanhas de conscientização e normatização sobre o assunto precisam ser inseridas nas cartilhas. É necessário que o problema seja tratado corporativamente, de forma que, caso algo aconteça, as vítimas possam sentir-se seguras e informar suas chefias. 

Se a empresa ficar ciente de algum episódio interno que possa ser considerado bullying, ela deve tomar ações imediatas para conter o problema, levando-o às autoridades competentes. É preciso ter em mente que mesmo que o caso tenha apenas repercussão interna, as vítimas podem processar a empresa por conivência, assim a normatização e o registro documental imediato do ocorrido devem ser providenciados.