quarta-feira, 13 de março de 2013

Seu filho na mira da Internet

Ultimamente tenho visto algumas publicações na internet ressaltando o risco que as crianças correm ao acessarem conteúdos online. Ao verificar que 70% das crianças (*) e jovens tem um perfil em alguma rede social, dá para imaginar que esta situação passa a ser um mercado estabelecido e não mais emergente.

Além dos riscos normais de serem atacados diretamente por harckers, temos que nos preocupar também com o risco sutil dos assédios sexuais ou grupos racistas, etc. (**) e de empresas de marketing com vendas de produtos.

Atualmente, para alcançar os públicos infantil e adolescente, é inevitável o uso da internet e das redes sociais. Com abordagens mais pessoais e com ferramentas capazes de filtrar interesses, pessoas menos informadas são alvos fáceis. O marketing passa a envolver o usuário, despertando mais do que um interesse de consumo, e sim, uma aliança com o produto ofertado.

Geralmente, as crianças possuem algumas ‘habilidades computacionais’ mais elevadas que as dos adultos, afinal, conversar com 19 pessoas - ao mesmo tempo - em um IM (ferramenta de mensagem Instantânea), não é para qualquer um. Muitas vezes, estes comportamentos nos levam a acreditar que as crianças lidarão melhor com estas questões, no entanto, este pensamento está equivocado por dois motivos:

1) No aspecto tecnológico: o fato de terem facilidade com a tecnologia atual, não significa que terão facilidade com a tecnologia do futuro. De certa forma, os ataques de hackers a estas novas tecnologias sempre existirão. Os filhos tiveram mais facilidade de acesso e uso às tecnologias do que os seus pais - e isso será sempre assim.
2) A falta de experiência de vida: este é o principal ponto fraco deste grupo de usuários. A experiência só pode ser adquirida com o tempo.

Neste novo mercado surgem também as ferramentas de segurança e monitoramento, que vendem a falsa ilusão de que os pais terão o controle de seus filhos, afinal, qual é o pai que não gostaria de ter o controle completo sobre os seus filhos? Entretanto, basta ter alguma experiência prática no assunto para percebermos que esta é uma tarefa impossível. Os pais podem, no máximo, ser uma boa influência.

Outra questão tecnológica é que a cada dia novos dispositivos com acesso à internet surgem, tornando impossível termos ferramentas eficazes de controle aos dispositivos que as crianças poderão utilizar. Assim, as ferramentas de controle podem até ter alguma utilidade em nível de informação, mas não garantirão a sua total segurança.

No aspecto da experiência de vida, o desafio é o mesmo do mundo real. Note:

a) Da mesma forma que orientamos as crianças a lidarem com estranhos, devemos instruí-los a manipularem e-mails falsos e desconhecidos;
b) Da mesma forma que explicamos sobre como lidar com más influências, devemos adverti-los sobre como lidar com os seus perfis nas redes sociais;
c) Da mesma forma que estabelecemos os horários de brincar e estudar, devemos determinar o tempo correto para navegar na Internet.

De fato, esta é uma geração que irá, naturalmente, amadurecer mais rápido, devido ao volume de informação que as crianças e jovens tem acesso. Este amadurecimento tem um lado positivo, como por exemplo, atualmente alguns assuntos já podem ser tratados de forma mais clara e confortável.

Então, o que o pai deve fazer é se informar (***) e conhecer este novo mundo, para poder conseguir:

a) Ser boa referência para o seu filho com as questões ligadas a internet;
b) Dar acesso às cartilhas de segurança que, inclusive, estão disponíveis na própria internet;
c) Comentar os casos que aparecem nos jornais, citando-os como exemplos reais. Simular algumas situações em frente ao computador;
d) Abrir espaço para que a criança possa trazer possíveis problemas até você, sem que ela tenha o ressentimento que será repreendida. Vale ressaltar que o diálogo é sempre o melhor caminho;
e) Encontrar junto com a criança soluções de como lidar com situações que por ventura possam aparecer.

Bem, espero ter ajudado nesta questão. Irei publicar mais informações sobre este assunto em breve.
Caso tenha dúvidas, procure o auxilio de um profissional da área.

REFERÊNCIAS

(*) A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2012, divulgada no final do ano passado pelo Comitê Gestor da Internet no país (CGI.br), mostra que 70% das crianças e adolescentes têm perfil próprio nas redes sociais. Entre os menores de 13 anos, 42% dos entrevistados (na faixa de 9 e 10 anos) e 71% (de 11 e 12 anos) já fazem uso delas. A idade mínima exigida para ter um perfil na internet é 13 anos, no entanto, grande parte altera a idade para ficar conectado. A pesquisa, que foi realizada com 1.580 crianças e adolescentes, constatou que a maioria desses jovens coloca em seu perfil foto que mostra claramente o rosto (86%), expõe o sobrenome (69%) e pode navegar nas redes sociais quando quiser, sem acompanhamento dos pais (63%).
Fonte: Portal da EBC (Empresa Brasil de Comunicação)

(**) Casos de pornografia infantil dominam as denúncias de crime na internet feitas no Brasil. De janeiro de 2006 a outubro de 2012, 40,5% do que foi denunciado no país supostamente abrigava conteúdo desse tipo. O levantamento inédito é da ONG Safernet, especializada em segurança na rede, e resultou no site da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos. O infográfico abaixo revela os principais delitos cometidos na internet.

(***) Cartilhas de Segurança geral para crianças.